As dicas que seguem foram fornecidas por estrangeiros que já moram no Brasil. A seguir, fizemos um compilado sobre o que eles indicam aos recém-chegados:
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Em caso de dúvidas, sempre procure informações com alguém de confiança: de preferência procure falar com policiais, com pessoas que estão em alguma igreja ou em alguma ONG de assistência social ou de entidades de acolhimento e afins. Se precisar pegar informações enquanto está procurando por algo na rua, procure se informar com algum segurança de alguma empresa, ou com alguma pessoa que trabalha em alguma empresa ali por perto. Essas pessoas tendem a permanecerem fixas naquele local, então elas sabem que se derem informação errada as pessoas podem voltar e questionar a informação dada, portanto, tem maior chance de falarem a verdade. Já se a pessoa for pedir informações para qualquer cidadão que estiver andando pela rua, existe sempre o risco de que, talvez, ele não dê a informação correta, tendo em vista que ela não poderá depois ser localizada para ser cobrada pela informação errada;
Se puder, venha primeiramente a passeio para depois tomar uma decisão mais séria sobre vir definitivamente;
Seus principais aliados sempre serão a informação e o conhecimento. Logo, busque saber o máximo sobre o Brasil e o local no qual pensa em morar. Estude mais sobre refúgio e/ou imigração e sobre seus direitos;
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Sempre que puder mantenha contato com pessoas de seu país, que chegaram aqui antes de você. Eles passaram por experiências semelhantes e podem indicar quais os principais cuidados necessários. Ter o apoio de compatriotas ajuda muito;
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Antes de chegar ou ao chegar, vá imediatamente procurar o consulado ou o setor de imigração da Polícia Federal para solicitar acolhimento. Legalize-se, você é imigrante ou refugiado, não um bandido em fuga, então não tema e não evite as autoridades. Resolva logo (sem demora) as questões de residência (permanência legal). Não perca os prazos. Traga consigo todos os documentos possíveis, pois podem pedir certificação de tudo;
Procure os órgãos públicos para ser orientado, ter acesso e ser encaminhado ao local certo para obter os documentos e ter seus direitos garantidos;
O Brasil é bem burocrático e as coisas costumam demorar. Às vezes não explicam bem o que deve ser feito. Se ficou com dúvida volte e pergunte quantas vezes for preciso. Atenda a burocracia pedida com bastante cuidado, se não souber como fazer procure apoio institucional (instituições, governos, ONGs, igrejas etc.);
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Se for refugiado ou imigrante que já chegou há algum tempo e ainda não providenciou os documentos, o ideal é procurar a Polícia Federal e explicar sua situação para receber dicas de como agir. Se é difícil ou está com medo de buscar informações junto a Polícia, procure falar com os brasileiros que entendem sobre as leis, escritórios de Direito, advogados, defensores públicos, ONGs, igrejas ou associações, pedindo ajuda e orientação para se legalizar. Estar ilegal é estar sem direitos, o melhor é tentar achar uma maneira de se tornar um refugiado, caso seu país esteja com problemas, isso justifica o pedido. Procure nas redes sociais por grupos de pessoas que passaram por situações parecidas, eles podem fornecer dicas. Se você não fala português, procure por alguém de confiança que fale e que possa ir com você na Polícia Federal, nos lugares que fazem documentos ou no banco para a abertura de conta bancária; porque a chance é pequena de, nesses locais, ter alguém que compreendam sua língua, mesmo que seja o inglês ou o espanhol;
Pergunte para o máximo de pessoas e autoridades sobre seus direitos e deveres, para evitar ser enganado por oportunistas. Pois, sabendo que você não é do país, em qualquer lugar do mundo podem aparecer indivíduos querendo se aproveitar e te explorar. Sempre que for necessária alguma dica ou ajuda, primeiro procure o serviço pastoral ao emigrante, a igreja, as autoridades ou a ONG que o acolheu e siga o que eles aconselharem. Evite aproveitadores;
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Se puder, busque saber o básico da língua portuguesa antes de vir, pois a maioria da população local fala somente português. Logo que chegar, procure quem ensina a língua. Passe mais tempo conversando com brasileiros, ouvindo música, assistindo filmes e lendo livros em português. Se for solteiro ou estudante e tiver que dividir residência com alguém para reduzir custos, se puder, more com brasileiros, pois isso ajuda a praticar o idioma. Saber a língua te ajudará muito nos problemas diários. No Brasil, cada região tem um sotaque diferente, então aprenda também as gírias locais;
Informe-se logo sobre os lugares que dão ajudas (abrigos, cestas, comida). Busque saber da existência de outros imigrantes de seu país que já residem por aqui, os procure para ter uma rede de dicas, apoio e ajuda. Não se isole e nem fique tímido, pois isso não é bom para quem veio de fora. Converse com as pessoas o máximo que puder e sempre pergunte caso tenha alguma dúvida;
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Aja sempre dentro da lei e não aceite sugestões que estejam fora da lei, mesmo que pareçam vantajosas. Evite pessoas que fazem essas ofertas duvidosas. Infelizmente, em todo lugar do mundo sempre tem algumas pessoas querendo prejudicar, explorar ou se aproveitar de quem está vulnerável. Não roube, nem seja violento, mesmo se for provocado, evite entrar em conflitos com outras pessoas, ainda mais estando fora do seu país; não cometa nenhum crime. Quem se envolve com essas questões tem mais dificuldade de conseguir os documentos e se legalizar;
Veja o abrigo como um socorro temporário e não como definitivo. Viver em um abrigo não é ter uma vida perfeita e sim apenas um socorro provisório. Ele serve, no início, para evitar ficar na rua com os filhos, pois é um local mais seguro, mas serve apenas por um tempo passageiro, até a pessoa conseguir um local para morar. Até porque podem ter outras pessoas (familiares) querendo morar junto, e no abrigo o espaço é pequeno para isso. Não fique acomodado esperando que alguém ofereça um local para você morar e um trabalho para sobreviver e manter a família. Vá à luta, corra atrás;
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Receba de bom grado toda a doação que chegar, não rejeite ou esnobe, pois nunca se sabe quando vai necessitar. A ajuda serve como segurança e salvaguarda;
Adote uma vida tranquila e tente se adaptar à cultura e à forma de convivência do país que agora está vivendo, evite conflitos ou desentendimentos com as pessoas do local;
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Enquanto em alguns países as pessoas saem à noite para a rua e ficam até a meia-noite, no Brasil a maioria dos locais, especialmente nos centros mais antigos da cidade, ficam vazios e esquisitos. A maioria das pessoas costuma ir para casa ao anoitecer. Se possível, evite sair à noite, sobretudo se estiver a pé e sozinho. Mas se tiver que sair à noite evite ficar com o telefone celular e a carteira à vista. Ao andar pela cidade é preciso considerar o risco de assalto ou roubo, procure andar com poucos objetos e evite horários e locais com poucas pessoas (pouco movimento). Procure se informar com as pessoas que já moram na comunidade sobre quais são os locais e bairros mais seguros para morar e andar e quais são os cantos e horários mais perigosos para os evitar. Em toda grande cidade é preciso ter cuidados. O Brasil nem é tão perigoso como as notícias sensacionalistas mostram, mas também não é totalmente tranquilo. Portanto, não fique com medo de sair, mas seja prudente, cuidadoso e vigilante. Pesquise sobre direitos e deveres do imigrante/refugiado no país que chegou. Conhecendo as leis você pode se defender melhor, denunciando a violência, caso sofra alguma. Se você sofreu algum abuso, preconceito, roubo, assalto ou outro tipo de violência vá imediatamente procurar a polícia, faça um Boletim de Ocorrência (BO) denunciando o que aconteceu para receber orientação e suporte sobre o que fazer;
Fique atento ao horário de funcionamento das coisas (restaurantes, comércio, órgãos do governo, trânsito). No Nordeste brasileiro, como amanhece cedo (5h) e anoitece cedo (por volta das 17h30), quase tudo fecha entre às 17h ou 18h, exceto na região da praia. Não ande no meio da rua, pois é exclusivo para carros e motos, use as calçadas;
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Tente fazer amigos nativos do seu país que já estão por aqui, eles podem dar dicas, conseguem dialogar e pedir as coisas de melhor forma, assim há menos risco de serem enganados ou explorados. É bom também formar uma rede de apoio de brasileiros, pois assim você pode evitar ser explorado em uma negociação, pois eles saberão o que conversar com a outra pessoa. O povo brasileiro sempre ‘dá um jeito’ de ajudar, para o bem ou não, por isso, apenas conte com a ajuda de pessoas de confiança. A maioria dos brasileiros é muito amável e acolhedora;
Esteja sempre aberto para conhecer novos lugares e novas comidas. Saiba que, no Brasil, quase sempre vão oferecer a mistura de arroz e feijão, com ela a salada é servida no mesmo prato. É normal, no início, ter dificuldades de se adaptar a culinária, mas depois vai se acostumando. Caso você sinta saudade da comida do país o importante é saber fazer, porque aqui dificilmente vai encontrá-la. Separe um momento de sua semana para preparar comidas de seu país e matar a saudade;
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Você somente vai encontrar placas ou informações em língua portuguesa, então, se não souber a língua, esteja disposto a pesquisar bastante antes de sair para o local que vai e pergunte muito. Pode também levar o celular com internet móvel para poder usar GPS ou traduzir as informações;
Não se envolva em questões de política brasileira, pois os brasileiros não lidam bem com estrangeiro opinando sobre seus políticos;
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Sempre respeite a cultura do local em que está, evite criticá-la ou compará-la com a sua, para evitar conflitos desnecessários. Normalmente quem é do local não aceita bem críticas de forasteiros. A hospitalidade nordestina e a riqueza cultural do Brasil são fantásticas, as opções de trabalho e estudo também são muitas (mas isso não significa que não tenha problemas, miséria, diferenças e desemprego). Alguns imigrantes chegam a afirmar que “o povo brasileiro é o mais hospitaleiro do mundo, sem medo de ser injusto com outros”, em alguns casos dizem que “o Brasil trata os ‘gringos’ com mais respeito que seu próprio povo”. Mas isso não é sempre assim, existem exceções;
Com o tempo você começa a achar o seu lugar na cultura e no novo local, adapta-se. Tenha a mente aberta, ainda que você tenha críticas em relação a algumas coisas e acha que elas são erradas, desde que elas não violem os seus princípios e valores, compreenda que é apenas uma questão cultural. Você está em outro país e precisa ter seu modo de aceitação ou compreensão superativado, entendendo que é um convidado que está em ambiente diferente. Não precisa adotar para si tudo que vê e encontra, mas deve compreender que aquilo faz parte daquela cultura. Esse aprendizado é um processo que não se resolve em uma semana ou um mês, podendo levar anos. Seja paciente;
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Não caia nos estereótipos sobre o Brasil. Aqui não é apenas futebol e samba. O Brasil é um país muito grande e diverso. Não é apenas São Paulo e Rio de Janeiro. A cultura de João Pessoa (e da Paraíba) é muito diferente do sul do Brasil ou da Amazônia. Aproveite e aprenda a cultura, a história e a língua portuguesa. Aproveite muito a comida e as lindas paisagens;
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Depois de residir e trabalhar no Brasil por alguns anos, tendo bom comportamento ou tendo filhos brasileiros etc., você terá a opção de requerer a cidadania brasileira. Mas se não quiser, também pode seguir tranquilamente apenas com o registro permanente.